sexta-feira, abril 20, 2007

Caras

Quando a maior parte do meu tempo passou a ser passado em casa, previ o pior, nostalgia, tristeza, desinteresse pelo mundo exterior, televisão ligada, livros a ganharem pó.

Mas nunca imaginei o inimaginável, que todas as caras se deformassem duplicando o seu tamanho. Só pode ter sido uma epidemia, um vírus solto nas ruas da cidade, no mundo e que já entrou em minha casa. É terrível olhar o espelho!

quarta-feira, abril 04, 2007

Primeiro livro – Cemitério de Pianos


de José Luís Peixoto

O início de algo significa sempre o fim de algo mais antigo, um algo novo que pode ser perigosamente igual ao algo passado.

Entre histórias que se repetem, sem razão aparente, o nosso anfitrião faz-nos viver as ruas de Benfinca de um outro tempo, o cheiro a serradura que se mistura com a textura de cada página, o calor dos dias, o frio das dores negras, só nossas e de toda a gente.

A arte não está no sentir, mas sim no fazer sentir.

Francisco! Este nome ganhou vida dentro da minha imaginação.

segunda-feira, abril 02, 2007

Primeira Mensagem



"Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz."

Alberto Caeiro